Dr. Daiane Daiane Kuhne – Ginecologista e Obstetra

Vencendo a batalha contra a endometriose: estratégias de gerenciamento e apoio

A endometriose é uma doença que acomete 1 em cada 10 mulheres no mundo. No Brasil, estima-se que 8 milhões de mulheres sofram com este problema.

Neste texto falaremos sobre o diagnóstico, sintomas e opções de tratamento que podem suavizar os sintomas ou reduzir significativamente a doença. A endometriose não tem cura, mas tem tratamento. Quando controlada, a mulher pode viver sua rotina normalmente e sem dores.

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O que é a endometriose?

Basicamente, a parte interna do útero é revestida por uma camada de células conhecida como endométrio. Quando a gravidez não ocorre, o corpo feminino passa por um processo natural de renovação. Ele necessita se desfazer desse revestimento para preparar um novo ambiente propício para o próximo ciclo de ovulação. Esse é o momento em que ocorre a descamação do endométrio, resultando na liberação do sangue menstrual mensal.

A endometriose ocorre porque as células que deveriam ter sido expelidas voltam para o organismo e se fixam nos ovários ou na cavidade abdominal. Uma vez que isso ocorre, as células começam a se multiplicar, causando sangramentos e outros desconfortos abdominais. Quando não tratada, a doença tem um comportamento progressivo que pode causar mais dores e maiores complicações.

Alguns sintomas da doença envolvem:

  • Cólicas menstruais muito fortes, que necessitam de remédios ou impedem a realização de tarefas do dia a dia.
  • Infertilidade
  • Sangramento anormal
  • Dor ao ter relações sexuais
  • Alterações intestinais recorrentes no período da menstruação, como prisão de ventre ou diarreia

Sobre o diagnóstico

Primeiramente é necessária uma avaliação minuciosa sobre o histórico clínico da paciente. Exames de sangue e ultrassom podem ser solicitados. Algumas vezes, é também recomendada a realização de videolaparoscopia para obter maior detalhes e visualização da região pélvica e estruturas adjacentes.

Na endometriose, a importância do diagnóstico precoce é essencial, levando em consideração que a demora pode ocasionar na progressão da doença, dificultando assim o tratamento. Apesar de não ser maligna, a endometriose pode ser muito desconfortável para as pacientes.

Por isso, é aconselhável que em qualquer sinal de cólica muito forte ou dores durante as relações sexuais, uma ginecologista de confiança seja consultada.

O tratamento

A endometriose é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, mas tem tratamento.

Este varia a partir de cada paciente, de seus fatores clínicos, histórico médico e tempo de descoberta da condição.

A hormonioterapia (anticoncepcional oral, injetável ou implante) em conjunto com o uso de analgésicos podem ser uma primeira opção para tratar os efeitos da doença.

O tratamento cirúrgico é indicado em algumas situações, como:

  • Quadro grave que compromete o intestino ou vias urinárias
  • Dor muito forte, que se estende para a lombar
  • Quem deseja engravidar

Receber cuidados de uma equipe multidisciplinar também pode ser um fator de melhora do quadro. O acompanhamento nutricional, psicológico e fisioterapêutico são bastante recomendados.

É importante ressaltar que o tratamento medicamentoso pode apresentar efeitos diversos, por isso, é importante o diagnóstico precoce.

É ideal que após a primeira menarca, seja realizada pelo menos uma consulta ginecológica ao ano. No entanto, quaisquer sinais de alteração hormonal, ciclo menstrual ou demais sintomas, não hesite em procurar sua ginecologista de confiança.